quarta-feira, 17 de julho de 2013

Fetichismo ou Puritanismo?

Não foi a primeira nem será certamente a última vez que ouço alguém dizer que antes de casar tem de experimentar tudo, porque depois o Tal não pode ser dado a devaneios sexuais! Mais, o Tal não poderá sequer ter a mais ligeira suspeita que a pessoa teve um passado sexual ligeiramente fora do normativo, visto que isso poderá desencadear uma crise psico-social com repercussões a nível galáctico.

Será que o fetichismo é algo interdito a um homem a nossos olhos perfeito e que só possa ser explorado com outros espécimes que nem sequer ponderemos por um milésimo de segundo a possibilidade de acasalar? Estaremos nós tão inundados dum preconceito da era vitoriana que renegamos a exploração da nossa sexualidade com o nosso parceiro em nome de um decoro social que na realidade não interessa a ninguém? Porventura  poderá ser este falso puritanismo a causa de tantas traições em relações que se apregoam fortes, sólidas e regidas por bons valores? E o aumento das auto-denominadas relações abertas, onde se faz o básico em casa mas fora dela a estratosfera é o limite, estará relacionado com este fenómeno comportamental?

Talvez muitos achem estranho, ou pelo menos peculiar, estar eu aqui à procura dum Homem Gay Perfeito e abordar temas tão explicitamente sexuais.
E acredito piamente que a maior parte, tirando aqueles que ficarão entesados apenas de pensar na situação, vai achar que eu sou completamente alucinado se disser que neste preciso momento em que estou a escrever estas linhas, encontro-me sentado, totalmente vestido exceptuando as calças, a observar um amigo a ter sexo com um rapaz que para mim é-me totalmente desconhecido!

Apesar de sem sombra de dúvida não ser o mais importante, o sexo, e creio que isto não seja uma surpresa para ninguém, tem um papel bastante significativo na manutenção com altos níveis de satisfação duma relação.
Por isso é que decidi expor esta minha faceta, que piamente acredito quase todos nós possuirmos, mas muitos de nós reprimimos.
Obviamente que não estou a dizer que todos nós somos uns potenciais voyeurs e que o que devemos fazer já amanhã é ligar ao nosso melhor amigo e pedir-lhe encarecidamente que tenha sexo à nossa frente com outra pessoa.
Mas se calhar muitos gostam de pés. Ou de usar brinquedos. Ou de levar chicotadas. Ou de fingirem que estão a ser revistados por um polícia com uma aptidão fora de série para a busca em cavidades anatómicas.

E quem sabe se, o Homem Gay Perfeito que está à espera de cada um de nós, não nos vai amar ainda mais e sem medos quando, entre um sorriso, tirar a pila para fora, e sem preconceitos, nos brindar com uma chuva de mijo!

terça-feira, 16 de julho de 2013

Intuição, essa coisa...

Sera que a intuição e' apenas uma forma do nosso inconsciente deitar cá para fora a Maya que existe dentro dele? Ou teremos nos um potencial totalmente inexplorado que nos facilitaria bastante a vida, principalmente a ajudar-nos a evitar situações altamente prejudiciais?
Andaremos nos a calar a nossa intuição por gostarmos demasiado de jogar na roleta dos relacionamentos amorosos, mesmo sabendo que a probabilidade da nossa aposta ser a vencedora ser praticamente nula?

Neste sábado passado fui convidado para ir ao Largo de S. Carlos ver a opera Candide de Bernstein.
Não contava era ser convidado por uma pessoa que conhecia há já 8 anos, que via uma vez por ano durante escassos minutos e que odiava de morte.
Contava ainda menos ter aceite, ter passado horas na conversa, trocado mimos e caricias durante a opera, e despedido-me com um beijo nos lábios.

Poderá uma pessoa mudar por completo? Poderemos nos descobrir que toda a amargura que carregamos durante quase uma década não tinha afinal fundamento? Ou mesmo que tivesse a pessoa que agora temos 'a nossa frente e' diferente e merece que não a julguemos indefinidamente por algo que aconteceu há tantos milhares de dias atrás?

A minha intuição estava praticamente a entrar em parafuso! Gritava tanto, mas tanto, que pensei que fosse ter um esgotamento nervoso, ou uma crise de desmaios histéricos. Que ele continuava igual, que era um galante profissional, que o ar tímido era apenas um papel que ele desempenhava, que ele continuava a mesma porcaria que eu estava convencido que ele era, que eu devia estar completamente fragilizado emocionalmente e extremamente necessitado de carinho para estar agarrado a ele ali em publico [a intuição não tem papas na língua], que ele só queria arrastar-me para casa dele para fornicar!

No fim da opera fomos dar uma volta.
Ele não me convidou para ir para casa dele para termos sexo.
Uma parte de mim ficou desiludida.
Outra soletrou um 'Tas a Ver' dirigido 'a minha intuição!
Antes de se despedir disse-me que tinha o ex-namorado a dormir em casa dele.

..........

Meti-me no comboio e ignorei o ar sarcástico da minha intuição!

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Um dia de Domingo

O HGP (Homem Gay Perfeito para aqueles que ainda não conseguem identificar a sigla) seria aquele que teria estado comigo no concerto da Gal Costa a apertar-me a mão com muito carinho ao som desta música (sim, sou um lamechas!).


terça-feira, 9 de julho de 2013

O fim do romantismo

Quando alguém nos diz que aos 39 anos só faz fretes em dias especiais, percebemos que a era do romantismo há muito acabou!

Será que realmente nos tornámos uns insonsos sentimentais? A presença de outra pessoa já não é suficiente para tornar um dia normal em especial?

Verdade que ouço muita gente dizer que com a idade só lhe faz o que dá na real gana, mas se a maior parte das pessoas com menos idade também lhe faz o que dá na real gana, o que sobra? A classe média da árvore genealógica? Mas como cada vez mais a classe média dirige-se para uma extinção precoce, num futuro muito próximo qualquer gesto romântico que envolva fazermos algo que não nos agrade a nós enquanto indíviduos será totalmente obsoleto e digno de um achado arqueológico!

Claro que a nossa auto-estima recupera da machada dada por nos sentirmos não especiais, quando a mesma pessoa diz que para foder está sempre pronto, porque isso já não é um frete!
E assim se conclui que realmente todo o romantismo que poderia restar morreu de desnutrição crónica!

Já me encontro sóbrio...

... e as coisas não parecem muito melhores!

Ao que parece recebi uma mensagem irada, que não me recordo de ler, onde me colocavam o ultimato de nunca mais entrar em contacto e onde diziam que eu era uma besta porque aquilo que eu disse nunca se dizia a ninguém!

Escusado será dizer que não faço a mínima ideia do que disse - só me lembro vagamente que tinha a língua a colar ao céu da boca quando o disse e que tinha a sensação de não estar a criticar ninguém, mas sim a fazer uma auto-análise!

O melhor mesmo é ir trabalhar!!

Espelho de mim mesmo

Talvez não seja a melhor das ideias escrever no blog depois de ter bebido uma garrafa inteira (pronto, meia garrafa visto que foi compartilhada) de vinho tinto cuja marca de momento me escapa mas que tinha uma graduação superior a 14 graus (se estiver a dar alguma calinada cultural a culpa é toda dos graus que me deixam num ângulo mental mais delicado!).
Porém orgulho-me, ou começo a orgulhar-me neste preciso instante, deste blog ser um retrato fiel ao segundo da minha tentativa de encontrar o homem gay perfeito!
Esta noite tive um encontro. E acabei a encontrar-me com o computador do meu local de trabalho porque já era tarde demais para voltar para casa!
Obviamente que algo correu mal, pois os planos iniciais era um pernoitamento na casa do espécime masculino que tão simpaticamente (e veja-se como acabou) me convidou para jantar!
Agora consigo perceber porque metade dos meus relacionamentos (digo metade para não ficar demasiado deprimido a esta hora da noite) foi pelo cano abaixo - foi necessário encontrar uma pessoa exactamente como eu para a luz da sabedoria pousar sobre mim!

O que fazer quando descobrimos que somos intragáveis? É possível acabarmos connosco mesmo e passarmos a ter uma relação com um alter-ego mais agradável? Basta ter muita força de vontade e acordar um dia disposto a mudar tudo e mais um par de botas ou a nossa personalidade, por mais desastrosa que seja, já está de tal forma enraizada que vamos ter de nos aguentar à bronca?

Como estava a dizer, foi preciso encontrar uma pessoa pretensiosa, convencida, dissimulada e irritante para perceber como as outras pessoas me vêem!
E a partir do momento que eu não tenho o mínimo de paciência para o meu reflexo no espelho como esperar que exista por ai uma versão gay da Madre Teresa de Calcutá que esteja disposta a aturar-me todos os caprichos e a dar-me forças para ultrapassar todos os meus medos?!
Como podemos estar à procura do homem gay perfeito quando nós só por um milagre daqueles que dão direito a canonização imediata seremos o HGP (abreviando que senão lá se vai o epitélio dos dedos!) de outra pessoa? E a história do termos de gostar de nós mesmos senão mais ninguém vai gostar, enfim, já houve dias que me cantou ao ouvido de uma forma mais afinada!

Relativamente ao sexo que foi efectuado com o encontro de hoje (foi o segundo encontro alego em minha defesa), já referi a graduação alcóolica que ingeri?

segunda-feira, 8 de julho de 2013

O que andamos nós à procura?

Quando entramos num site de encontros gay a primeira pergunta que nos colocam, mesmo antes da nossa idade e do tamanho do nosso pénis, é o que andamos nós à procura.
Nunca pensei que um site de encontros tivesse a pretensão de colocar uma questão tão filosófica e que necessitasse de tanto auto-conhecimento, mas a verdade é que o faz!
Muito provavelmente a maior parte dos homens, e não são poucos diga-se de passagem, que habitam os sites de encontros, não devem fazer a mínima ideia do que andam ou pelo menos deveriam andar à procura, porque de que outra forma se pode justificar a existência de tantos usuários e tão poucos se encontrarem uns aos outros?!
A não ser que o ser humano, num salto evolucionista barra perfeccionista, tenha colocado centenas de dezenas de critérios a serem cumpridos, que nem o melhor motor de busca da internet pode dar resposta - ai sim, haveria justificação, e quiça desculpa, para tantas pessoas passarem horas a mandar piscadelas e mensagens umas às outras e entre nenhuma fazer aquele clique mágico que antigamente (virtude do contentamento com menos) acontecia com muito mais frequência.

Interessante também são aqueles que dizem que odeiam a pergunta sobre o que andam à procura, porque segundo eles não perderam nada! Talvez para estes, que nutrem um sentido anti-afecto filosófico com as questões das perdas e das procuras, se devesse formular a questão de uma forma diferente!
O que esperam de encontrar? ou O que os pode surpreender de uma forma positiva e marcante? seriam hipóteses que os site de engate poderiam ponderar colocar para aqueles que enquanto fazem o upload da melhor foto close up do pénis erecto se irritam com o facto de existir uma entidade virtual que tem a lata de lhe estar a fazer perguntas complicadas, quando eles queriam era esvaziar os testículos!

Quanto a mim, fico-me por um espero encontrar aquilo que me quiserem dar, desde que seja agradável pois claro - infelizmente até agora não me deram mais do que piscadelas e propostas de sexo à bruta escritas com Ks em vez de Qs, algo que eu me recuso a encontrar!

domingo, 7 de julho de 2013

Querido Blog!?

A primeira vez que se escreve num blog e' sempre estranha.
Nunca sabemos bem qual e' o tom que devemos adoptar, ou sequer como anunciar que decidimos sentar-nos 'a frente de um computador e despender o nosso tempo a escrever sobre um assunto que provavelmente a maioria nem sequer vai ler.
De onde vira a nossa necessidade voyeurista de escrevermos os nossos pensamentos e sentirmos uma alegria profunda em que outros, totais desconhecidos, leiam as nossas palavras, podendo haver a hipótese de nos interpretarem de uma forma totalmente errada - ou demasiado certa para o nosso gosto!?
Sera esta a nossa forma de num mundo cada vez mais preenchido pelo contacto virtual, de nos sentirmos em verdadeiro contacto com alguém, mesmo que não lhe vejamos a cara e que a única informação que temos dela e' o nick que usa na conta do Blogger?
Quando e' que deixamos de expressar as nossas opiniões nos cafés, nos bancos do jardim ou num recanto da carruagem do comboio para nos tornarmos agentes virais que com um clique podem propagar qualquer ideia que se lhes atravesse pela cabeça?
E poderá um blog equivaler a um diário, mas sem as paginas com rosas em marca de agua e com um leve perfume a baunilha? Podermos nos começar um blog escrevendo Querido Blog... sem nos sujeitarmos a uma sensação avassaladora de ridículo...?

Querido Blog,

estou 'a procura do homem (gay) perfeito!